domingo, agosto 30, 2009

ímã




Um feliz e inesperado convite me deu a oportunidade de assistir uma verdadeira obra de arte, ontem, no Teatro Nacional.

Capítulo à parte, o teatro.
O nosso, grandioso e cheio de personalidade está, por ora, sem seu charme; seus cubos colados quase que aleatoriamente ao redor da pirâmide irregular foram retirados para tão esperada restauração...
Adoro ir ao teatro.
Tem um quê de mágica, de nervosismo, de escuro, de luzes que piscam antes de estréia, de rezas até a súbita entrada no palco com uma centena de pessoas à espera do inesperado.

Ontem, o inesperado fez com que eu parasse de respirar por alguns instantes e só depois de me dar conta do que estava por vir, inspirei e suspirei.
O Grupo Corpo é uma verdadeira obra de arte.

Ímã é o nome do espetáculo que traz toda a subjetividade da polaridade dos corpos humanos. Atração e repulsa são, de forma majestosa, representados na dança comtemporânea do grupo que não poderia ter um nome mais sugestivo.
O Grupo Corpo revela a verdadeira obra de arte.

O primeiro ato, que durou uma hora, me deixou tão atônita que não mexi as pernas nem os braços, permanecendo na mesma posição que me encontrava. A primeira obra apresentada foi Bach (de 1996) com música de Bach, em sintonia com o barroco e vozes gregorianas, que traziam o compasso para o movimento de corpos que dançavam um balé clássico, contemporâneo e de bossa. Afinal de contas, a forma com que eles movimentam seus quadris é originalmente brasileiro.

Quando o primeiro ato terminou fiquei louca pois, o corpo de dança nos agradeceu e nós os saudamos como se fosse a ultima apresentação. Logo depois, acenderam as luzes do teatro e muitas pessoas se levantaram em diração ao foyer e eu comecei a perguntar "acabou?", com a maior cara de desespero possível... Eu precisava de ver mais, eu precisava de sentir mais.

Não, não havia acabado. A nova obra prima do grupo, Ímã, ainda estava por vir.
Ainda bem! Precisava de duas horas de arte dançada para entender os movimentos que somos capazes de fazer.
Opa, "somos" coisa nenhuma... Movimentos que eles são capazes de fazer.

Ímã não tem cenografia física, se assim podemos dizer. São as cores trabalhadas de forma indescritível que dão cenografia ao espetáculo. Os tons de verde, rosa, amarelo, azul suaves e outras vezes fortes, são contrastados com o figurino dos bailarinos que ora são cinzas, ora são amarelos, vermelhos, laranjas, rosa choque, azul... Uma imagem fantástica.
Até tentei imaginar quantas pessoas estariam nos bastidores ajudando os bailarinos a se trocar tantas vezes e tão rapidamente.

O espetáculo Ímã nos extasia.
Movimentos reais de atração e repulsa, como se os corpos estivessem interagindo através de um ímã. A suavidade do balé clássico se mistura à contemporaneidade da cabeça que acompanha o corpo e dos pés em flex. A facilidade com a qual os bailarinos pulam, caem no chão, se entrelaçam e, por quê não, dançam até nos dão a impressão de que podemos subir no palco e acompanhá-los.
Mas, isso fica só na ilusão...

É melhor deixar o espetáculo com quem sabe fazer o espetáculo com maestria.
O Grupo Corpo, repito, é a obra de arte.

4 comentários:

  1. Bom dia Elisa,

    Assiti ontem.
    É realmente impressionante, como em todas as apresentações do Grupo que já fui, eles sempre tem essa capacidade de nos surpreender. FANTÀSTICO !!
    Bjs.
    Tio Elsinho.

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  2. A imagem que ficou para mim foi: daqueles corpos femininos sendo arrastados lentamente por seus pares,no ritmo e no encaixe perfeito das luzes ,cores e musica.
    bj
    elca

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  3. foi inacreditavel mesmo.
    maravilhoso e sem palavras!

    a unica dó foi a "ausencia" dos bloquinhos da "outra" obra de arte - que 'e o teatro! mas o charme ainda existe!!

    que venham outros ESPETACULOS!

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  4. Adorei os comentários!
    As palavras foram muitíssimo bem escolhidas...

    Ah! Temos seguidores novos na área!!
    Fico muito feliz :)

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