terça-feira, abril 27, 2010

cartão postal



Se fizessemos um ranking das cidades mais retratadas em cartões postais, sem dúvida alguma Paris estaria entre as primeiras. A razão é simples: Paris nasceu para virar cartão postal porque exala romantismo.

É como se através do cartão postal a cidade proferisse o amor da forma mais sutil e agradável possível. E por incrível que pareça, a Paris por trás do cartão postal é ainda mais sedutora.

O caminho mais simples para entrar nesta onda é com suas próprias pernas; Paris deve ser descoberta à pé. Ninguem desvia o seu trajeto para um jardim, senta em cadeiras de ferro verde-escuro e curte (sem pressa) a paisagem, se estiver de carro ou de metrô.


À pé descobrimos jardins, cafés, lojinhas, e ruas que nos convidam à apreciação.
Apreciação: esta é a palavra chave para Paris. Lá se aprecia o jardim, da mesma forma que se aprecia o sol que bate sem timidez na imensa rampa do Georges Pompidou ou com a mesma intensidade que se aprecia uma obra de Rodin.



E à pé tudo se torna democrático: dividimos uma só rua, um só jardim, um só café, mas todos tem um pouquinho do todo.
Poucas cidades nos proporcionam essa democracia.
Existe a Paris daqueles que adoram o clássico, o moderno, o vinho, os franceses, as francesas, a arte, a arquitetura, o romance. Existe a Paris daqueles que praticam esportes nos jardins, ou fazem piquiniques nos mesmos jardins, a Paris daqueles que fazem compras. E a Paris daqueles que fazem filas quilométricas na Ile de Saint Louis para um sorvete no domingo ensolarado.


Paris ainda é a cidade da gastronomia; nada como um croissant ou um pain au chocolat para começar o dia. Só em Paris a probabilidade de ver alguem andando na rua com uma baguete (no braço, na mão, na boca etc) é a mesma que a de ver uma mulher andando com a sua bolsa a tiracolo. Só em Paris apreciamos uma omelete em um charmoso café como se estivessemos comendo um prato refinadíssimo em um bom restaurante.


Gosto de ver mais mulheres andando de sapatilhas pelas ruas do que de saltos altos. Afinal de contas, esse deve ser o segredo para serem tão esbeltas e lindas. Elas caminham! Ou estão de bicicleta! Mas, sempre dando um jeito para não ficarem paradas e não perderem o charme nunca.


Muito mais do que um cartão postal, Paris nos proporciona emocões reais. Basta atravessar uma ponte sobre o rio Sena (qualquer uma delas) e ter uma ilusão (muito real) de que "La vie en rose" toca ao fundo. Só para você.

Como se ela te lembrasse que existem inúmeros motivos para ser perdidamente apaixonada.

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

álbum


Finalmente consegui uma brecha e uma boa inspiração para aparecer por aqui.
Ontem, eu estava organizando álbuns de fotos (reveladas, diga-se de passagem) e me dei conta que este hábito, um pouco ultrapassado, merecia um post especial.

Suspeito que as pessoas passaram a não mais revelar as fotos depois da máquina digital. Não que eu tenha alguma coisa contra a máquina digital... Sem ela nós não poderiamos compartilhar fotos com tanta facilidade, tirar tantas fotos, testar caras e bocas em frente ao espelho (sim! muitas pessoas fazem isso e realmente conseguem encontar o ângulo perfeito para serem retratadas!) e além de tudo, não poderiamos optar por revelar ou não certas fotos.
No entanto, a tecnologia das máquinas digitais nos torna, na maioria dos casos, mais preguiçosos e o ato de revelar fotos se torna ultrapassado e teoricamente desnecessário. Atenção para o "teoricamente" desnecessário, porque a foto revelada revela muito mais do que a foto nas telas em que são projetadas.

A foto revelada captura o momento e o torna palpável.

A foto revelada tem cor, emoção, sensação e texturas que não podem ser reveladas a não ser na revelação em uma folha de papel.

E a foto revelada não pode ser jogada em qualquer lugar. Sim! Ela merece um carinho especial, como se aquela lembrança estivesse ali. Daí aparecem coadjuvantes importantes; os porta-retratos (tão queridos) e os álbuns de fotografias (tão esquecidos).

O próprio ato de escolher quais as fotos merecem representar aquela viagem, aquela festa ou aquele momento é delicioso. E quando folheamos as páginas de um álbum é como se estivéssemos revivendo tudo o que passou.

Não precisa concordar comigo imediatamente. Mas, garanto que se o teste for realizado a comprovação é imediata.

Eu, que nasci na fase pré-digital, agradeço muito o hábito de família que me foi passado. Não há nada mais prazeroso do que continuar completando meus álbuns depois que revelo um filme.

Ok... estou mais para pré-histórica do que para pré-digital.
Troquei a máquina digital pela analógica para poder usufruir ainda mais do mistério de revelar algo que não me lembro que foi fotografado ou que não foi apagado por uma bobeira de momento.
Mas, confesso que a compra dos filmes (brancos e coloridos), as fotos, a revelação, os negativos, as cores, os contrastes e os álbuns fazem parte de um hobbie disfarçado.


A foto
Um homenagem ao casal que adora tirar, guardar e presentear os outros com fotos (com máquina analógica ainda hoje!) e que nos revelam a importancia de revelar.

terça-feira, janeiro 19, 2010

penélope



O primeiro post do ano foi dedicado ao Rio. Lê-se destino top 5, com todos os pré-requisitos (praia, astral, festa, modo de viver, clima, comida e pessoas) devidamente preenchidos.
Se o assunto da vez é cinema, a história não podia ser diferente...
Teria que começar com o top 5 do cinema atual. E como não quero fazer feio, começo com a musa, Penélope.
Já deveria ter dedicado um post a ela. Mas, faltava a oportunidade certa.
Semana passada, já atrasada, fui correndo comprar a minha Bravo! de janeiro¹. E adivinhem quem estava na capa...
¹Abre parêntese para a Bravo!
É muito difícil fugir das edições seguintes da Bravo! uma vez que você começa a ler. A revista é deliciosa e se torna indispensável, a medida que nos apaixonamos por ela. As peças da vez, o cinema de verdade, os autores e livros que valem a pena, música e arte em geral esmiuçados por gente que entende da coisa.

Voltando a capa da Bravo!.. lá estava ela: Penélope Cruz.
Se você nunca viu Penélope como Penélope, digo como musa do cinema atual; é porque ainda não a viu em filmes do Almodóvar ou em Vicky Cristina Barcelona.

A minha história com ela, começa com uma birra muito grande. O primeiro filme que vi, com ela, foi o "Sabor da Paixão". Mas, por favor, delete este título da sua cabeça para não ter o perigo de assistir algo tão horroroso... Aliás, eu não sei que mania é essa de produtoras e diretores americanos tentarem fazer filmes "brasileiros" com roteiros, personagens e idioma que passam longe do que temos por aqui.

Depois vieram alguns outros filmes, americanos, e eu ainda não tinha encontrado a verdadeira Penélope em nenhum deles. Acho que ela não combina com filmes, papéis, diretores que não tenham a ver com ela. O personagem precisa de ter algo dela e o diretor tem que enxergar isso.

Bom, Almodóvar enxergou. E a tornou sua musa.
O últimos papéis dela em filmes como Volver e Abrazos Rotos são incríveis. E ninguém a não ser ela, poderia interpretá-los. A verdadeira alma espanhola está nela, na sua essência, na sua beleza (tão espanhola), na sua língua, nas suas expressões.

E não faltam adjetivos à Penelope, quando como elam mesma.
Tanto é que Wood Allen não deve ter encontrado ninguem melhor do que ela para dar vida à louca María Elena, em Vicky Cristina Barcelona. Se ainda não viu, não perca a chance de entender o porque do Oscar de melhor atriz coadjuvante à Penélope. Ela simplismente roba a cena das atrizes principais. As deixa, literalmente, no chinelo.

Alodóvar entendeu isso, Wood Allen também e Javier Bardem não ficou para trás. Chamou Penélope para ser seu par romântico na vida real (aliás, adoro ele e adoro o casal!).

Então, me tornei fã de carteirinha da Penélope.
E se os filmes espanhois ou filmes "almodóvar" são a melhor tradução do cinema de qualidade de hoje, não há como contestar que o lugar de musa, diva do cinema é da Penélope.

quarta-feira, janeiro 06, 2010

com o pé direito



Já que no Ano Novo nos permitimos algumas superstições, entrar com o pé direito é fichinha...

Agora...
Fichinha mesmo seria se esse pé direito não estivesse sob as areias de uma linda praia, iluminada pelos trajes brancos de quase 2 milhões de pessoas com uma única intenção: esperar a virada de um novo ano com boas e novas vibrações.

Se ainda não deu para sacar de que praia estou falando, basta incluir na descrição que se trata da maior festa de reveillon do mundo! E esse título é mesmo incontestável quando sentimos na pele (literalmente, arrepiada) a emoção de 18 minutos de fogos ininterruptos combinados com uma trilha sonora muito especial...
Em noite de ano novo (em Copacabana) coisas impossíveis acontecem.
E se ainda tinha alguma dúvida de que Deus é brasileiro, não tenho mais.
Depois de dois dias inteiros de chuva sem parar, o ceú ficou claro horas antes da meia-noite e deu espaço para que milhões de pessoas pudessem apreciar o espetáculo.

Ok. Vamos combinar que no Rio já é um espetáculo de graça.
Ele não precisa fazer muito esforço para ser lindo, deslumbrante.
E como o espetáculo é de graça, não há quem se intimide com uma chuvinha fina e insistente nem em dia de ano novo.

Bem, eu e as pessoas que mais amo no mundo estávamos dispostas a receber o ano novo nas areias de Copacabana de qualquer jeito, com ou sem chuva.
Mas, o céu abriu espaço para que o ano novo entrasse com tudo o que tem direito.
E o ano novo tem direito de entrar por Copacabana.

Copacabana recebe o novo ano de braços abertos.
É lá que se reunem todas as cores, nacionalidades, religiões, idades, ideias e desejos.
Indescritível.

E como é indescritível, basta concordar em gênero, número e grau com Ricardo Freiere quando afirma que "assim como todo muçulmano em algum momento de sua vida precisa empreender uma viagem a Meca, todo brasileiro deveria passar um Reveillon em Copa".

Então, quando é que você pretende ir à nossa Meca?

foto mm